Foi Deus
A. Janes – A. Rodrigues
Foi Deus
A. Janes – A. Rodrigues
Não sei, não sabe ninguém
porque canto o fado neste tom magoado
de dor e de pranto
e neste tormento todo o sofrimento
eu sinto que a alma cá dentro se acalma
nos versos que canto.
Foi Deus que deu luz aos olhos
perfumou as rosas Deu oiro ao sol
e prata ao luar.
Foi Deus que me pôs no peito
um rosário de penas que vou desfiando
e choro a cantar.
E pôs as estrelas no céu
e fez o espaço sem fim
Deu luto às andorinhas
ai, e deu-me esta voz a mim.
Se canto não sei o que canto
misto de ventura saudade, ternura
e talvez amor.
Mas sei que cantando
sinto o mesmo quando se tem um desgosto
e o pranto no rosto nos deixa melhor.
Foi Deus que deu voz ao vento,
luz ao firmamento, e deu o azul
às ondas do mar.
Foi Deus que me pôs no peito
um rosário de penas que vou desfiando
e choro a cantar.
Fez poeta o rouxinol,
pôs no campo o alecrim,
Deu as flores à primavera,
ai, e deu-me esta voz a mim.
La la la...
Deu as flores à primavera,
ai, e deu-me esta voz a mim.
Non so, nessuno sa perché canto il fado in questo tono ferito di dolore e di pianto, e in questo tormento, in tutta la sofferenza, io sento che l’anima si calma nei versi che canto. Fu Dio che diede luce agli occhi, profumo alle rose, diede oro al sole e argento alla luce della luna, fu Dio che mi mise nel petto un rosario di pene che sto sfilando, e piango nel cantarlo.
E pose le stelle nel cielo, fece lo spazio senza fine, diede il nero alle rondini, e diede questa voce a me.
Se canto non so quello che canto, un misto di avventura, malinconia e tenerezza e a volte amore. Ma so che cantando sento lo stesso di quando si ha un dispiacere e il pianto sul viso ci lascia migliori. Fu Dio che diede voce al vento, luce al cielo e diede l’azzurro alle onde del mare.
Fece l’usignolo poeta, pose nel campo un fiorellino, diede i fiori alla primavera e diede questa voce a me.